Uma ação inconsciente é tudo aquilo que fazemos no "automático".
Todas as ações inconscientes se consolidam no que chamamos de hábito ou costume.
O Costume possui dois elementos para que se verifique:
- Corpus (Material): Repetição constante e uniforme de uma prática social. (uso).
- Animus (Psicológico): É a convicção de que prática social reiterada, constante e uniforme é necessária e obrigatória.
A obediência a uma conduta por parte de uma coletividade configura um uso. A reiteração desse uso forma o costume, que, na lição de Vicente Ráo, vem a ser a regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo, que a observa por modo constante e uniforme, e sob a convicção de corresponder a uma necessidade jurídica. O emprego de uma determinada regra para regular determinada situação, desde que se repita reiteradamente, quando igual situação se apresente de novo, constitui uma prática, um uso, cuja generalização através do tempo leva a todos os espíritos a convicção de que se trata de uma regra de Direito. Esse hábito que adquirem os homens de empregar a mesma regra sempre que se repete a mesma situação, e de segui-la como legítima e obrigatória, é que constitui o costume.
Jung colocou que existem duas espécies de inconsciente: o pessoal e o coletivo. O pessoal é formado pelas experiências, reprimidas ou não, que o indivíduo tem em sua vida consciente desde a infância. O coletivo é resultante das experiências da humanidade sedimentadas na psiquê coletiva, pela hereditariedade. Os conteúdos do inconsciente coletivo, para Jung, não podiam ser adquiridos individualmente, mas coletivamente.
Segundo o psicólogo e filósofoAdenáuer Novaes, o ser humano se estrutura dentro da sociedade sem a devida reflexão sobre os valores que assimila. Nem sempre percebe que, aqueles recebidos em suas origens devem, na adultez, merecer reflexão e conseqüente libertação dos que não mais condizem com sua maturidade. Nem sempre as pessoas conseguem se libertar da pressão exercida pela sociedade da qual fazem parte. Essa pressão não é apenas proporcionada através de normas e leis, mas principalmente a partir daquilo que não é dito e nem é explicitado. As leis da convivência entre as pessoas, as quais, nem sempre, fazem parte de algum código escrito.
Desde que nascemos, vários hábitos estão sendo assimilados por nós sem a devida reflexão. Eis alguns deles: rodeios, touradas, caçadas, churrascos, circos, passeios aos jardins zoológicos e tantos outros costumes que consideramos normais. Nunca pensamos qual a diferença entre oferecer uma maçã do amor ou um cachorro-quente para os nossos filhos ao levá-los para um parque de diversões.
Entretanto não estamos acostumados a ver cenas de torturas, maus-tratos e de abate de animais. Quando vemos, ou abrimos uma exceção moral na nossa consciência (esportes ou espetáculos que envolvem maus-tratos à animais) ou simplesmente ficamos chocados.
É interessante como somente agora, devido ao advendo do YouTube, cenas corriqueiras estejam sendo mostradas à todos e nos fazendo refletir sobre outros costumes. O caso da enfermeira veio em boa hora. Neste momento, centenas de pessoas estão horrorizadas e julgando a enfermeira como bode expiatório da nossa cruel relação com os bichos de estimação. Isso me lembra a conhecida cena ocorrida há dois mil anos atrás, em que os escribas e fariseus estavam munidos de pedras ao redor de um mulher adúltera.
Não estou defedendo ninguém. A enfermeira deve ser processada por maus-tratos à animais e por fazê-lo em frente à uma criança. A punição deve ser exemplar e pública.
Esse episódio é realmente triste, mas com todo respeito, essa comoção geral é um grande hipocrisia inconsciente.
Enquanto não assistirmos as cenas cotidianas de um abatedouro, vamos acreditando que os animais não são abatidos de forma terrivelmente cruel, e que ir ao balcão de frios do supermercado e pegar um pacote salame ou presunto é um ato civilizado.
Que tal uma carne de "Fumeiro Acebolada"?
Dê uma olhada no vídeo abaixo e depois me responda.
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